quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Medicina narrativa

Digo que estou nas tuas mãos 

Como se fosses tu o meu corpo inteiro
E te entregasse vulneravelmente 
toda a responsabilidade do meu cuidado

Mas depois não estive eu sempre nas mãos de alguém?

Ainda por cima em mãos pouco certas
Menos tangiveís, menos escolhidas por mim
Mãos em tudo alheias e invisíveis

A vida é um contínuo esforço inútil de ter certezas
Tirando todos os dias em que percebemos que isso 
pouco importa,
Importa é sentir a brisa nas manhãs

5 comentários:

  1. Medicina narrativa, fiquei fã...
    Temos as palavras a terem o melhor dos seus princípios, destaque ao que importa, relevância ao seu propósito.
    Muito bonito!

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  2. Creio ser essa a prova dos poetas, a eles importa "sentir a brisa das manhãs". Mas só a eles.

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