terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Ele, homem de fronteiras rígidas
Cru, duro, impenetrável na razão
Resistente ao saber-se só, 
Inesperadamente amante eterno
    só dela, 
   como se não existisse
nem alma, nem corpo, nem voz
nem vontade, nem memória
nem sentido, nem tempo
para esperar outra.

Ela, mulher infinitamente nua
Despida de abraços, despida de beijos
Precoce na desilusão do abandono,
Transporta a rejeição vitalícia
de se imaginar noutros lábios,
noutros corpos, noutras almas
noutras vozes, noutro sentido
noutro tempo. 
Só lhe é possível uma história única 
de amor. 

Será a capacidade de amar,
proporcionalmente inversa
ao número de vidas que temos?