segunda-feira, 5 de julho de 2021

Um dia sonhei que tinha os teus olhos.

Não, não os olhos. 

Um dia sonhei que tinha o teu olhar 
cheio, que consegue penetrar a alma e 
(des)concertá-la num segundo apenas.

Assim, tal e qual, mulher-tornado
Sem receio da força da sua voz
Nem do poder do seu corpo.

Consciente, ainda que perdida em si
Na intensidade de um levantar voo
E na dúvida recorrente da aterragem

Se te disserem que és em excesso,
responde que de nós só há falta.
Dizer excesso é mera ignorância 
da escassa coragem de se ser seu.

Por isso excede-te sempre. Sem hesitação
Sem remorso. Sem lamúria. Sem pudor.
A vida não é feita para se ter grandes certezas.

E não te esqueças, que um dia, três mulheres-tornado disseram:
"O pudor é uma nostalgia, serve para fingir que estão mortos os vivos demasiado incômodos."

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