quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Hoje esperança são aqueles 0.6 por cento. 
Algures no deserto do fim do mundo
Contam-se uns quantos papéis, poucos.
Não digas que não é nada. 
É tudo o que temos.
6 pessoas. Horas de espera. 
Intermináveis teorias.
Quero só ouvir que 
a esperança existe e 
tem um nome,
Nevada

 Regresso ao espaço do ponto de partida e penetra-me este vazio inconsciente, incoerente, reincidente.

 Habito de súbito um tempo em que não existimos. Surgem frações de segundo em que me questiono se o passado teve lugar físico fora da minha mente. E de repende ecoa aquela eterna pergunta:
 - E se eu nos inventei? 

 Numa criatividade alucinogénica qualquer, tão realista que só poderia ser minha, criando delírios com pés e cabeça e ilusões sobre a felicidade instável e complexa. Só por me conhecer é que não admito como prova irrefutável da realidade a imperfeição do sonho. Sim, muito provavelmente até o meu subconsciente é inabalável na negação da perfeição idílica. 

 Tenho esta sensação de estranheza, como se nos fossemos cruzar na rua a qualquer momento e não nos reconhecer. Como se a nossa memória colectiva tivesse um prazo de validade muito curto e fosse necessário reiniciar todos os circuitos a cada instante. Talvez como se o tempo que nos afasta fosse exponenciado e cada hora fossem 3 voltas ao Sol.

 Seriam muito curtas essas frações de segundo, não fosse eu ter ganho o vício de prolongar a invasão da dúvida, é a atração pelo surreal que atormenta. 

- A tua voz desperta-me, abraça-me, sossega-me.

 Desejo é conseguir despertar-me a mim própria. Com a minha voz. Quando diz: 
- Alice, acorda.