O que é raro é raro
O que é frequente é frequente
Não há nunca sempres
Nem sempre nuncas
Pensa antes de tudo o resto,
Na hipótese trágica.
E 37°C não é febre.
O que é raro é raro
O que é frequente é frequente
Não há nunca sempres
Nem sempre nuncas
Pensa antes de tudo o resto,
Na hipótese trágica.
E 37°C não é febre.
Passo agora todos os dias pelo sítio onde aprendi a gostar de café, talvez tivesse uns 5 ou 6 anos. Comia à colher bolas de gelado de café com entusiasmo no centro comercial fonte nova. Um sítio muito pouco bonito, corredores longos e com pouca luz, uma gelataria pequenina, sem grande graça. Hoje, as crianças devem aprender a gostar de café em locais com um design moderno, onde lâmpadas LED descem dos tectos, plantas suculentas repousam em estruturas de madeira clara e ardósias anunciam brunch saudável. Talvez aprendam a gostar de imediato de latte com leite de amêndoa. Talvez nem se possa dar gelado de café aos 5 anos ou talvez até se possa mais cedo em virtude da desvalorização da tal diversificação alimentar.
Certo é que as memórias de sabores não ligam realmente nenhuma ao sentido estético.
Sei que sou vento sem norte
Resta-me navegar a pele fina
Deixar a maré guiar o pensamento
Arrastar este vazio inútil que é
a absorção do corpo pelo ar.